9.4.06

Seccao infantil #5

Viseu: Mãe que agrediu professora condenada a pagar multa de 1.875 euros

Viseu, 07 Abr (Lusa) - Uma mãe acusada de ter agredido a professora da filha na sala de aulas em Repeses, Viseu, foi hoje condenada ao pagamento de 1.875 euros de multa e de 1.500 euros de indemnização por danos não patrimoniais.
O Tribunal de Viseu considerou provado que em Setembro de 2000, a mãe, Maria de Belém Silva, "agarrou pelos cabelos a ofendida, atirou-a ao chão e pisou-a com os pés", só não tendo prosseguido a agressão porque foi impedida por uma funcionária da escola.
Maria de Belém Silva deslocou-se à escola numa segunda-feira, depois de, na sexta-feira anterior, a filha ter urinado nos calções que trazia vestidos.
Segundo o acórdão, a professora tirou a roupa à criança para que esta não ficasse com ela molhada no corpo "e vestiu-lhe uma camisola de adulto que se encontrava na sala de aulas", tendo regressado assim a casa, uma "actuação que a arguida e o marido não aceitaram".
Na segunda-feira de manhã o pai da criança foi à escola pedir satisfações.
À tarde foi a mãe que, numa altura em que a professora estava a apoiar um dos alunos, começou a reunir o material escolar da filha, explicando que esta ia abandonar a escola.
Após uma troca de palavras, deu-se a agressão.
Maria de Belém Silva foi acusada do crime de ofensa à integridade física qualificada, pelo qual foi condenada ao pagamento de 250 dias de multa à taxa diária de 7,50 euros (no total de 1.875 euros).
Se não o fizer terá de cumprir 166 dias de prisão subsidiária.
Além da indemnização de 1.500 euros à professora, terá também de pagar 89,28 euros ao Hospital de S. Teotónio, onde esta foi assistida.
Ao decidir-se pela condenação, o tribunal teve em atenção que, apesar de na data das agressões à professora a mãe ser primária, posteriormente, em 2001, foi acusada de ofensa à integridade física simples, crime pelo qual foi condenada em 2004.
Por outro lado, considerou que as agressões foram a causa directa de 117 dias de doença da professora, que continuou a trabalhar debaixo de medicação, ainda que tivesse o permanente receio de voltar a ser agredida.
"A ofendida entrou em estado depressivo após a agressão sofrida", tendo-lhe sido diagnosticado "síndroma post-traumático", refere o acórdão.
A mãe estava também acusada do crime de introdução em lugar vedado ao público, mas o tribunal não o considerou provado, uma vez que "era normal" os encarregados de educação entrarem nas instalações da escola, nomeadamente nas salas de aula, para entregarem ou buscarem os filhos e falarem com os professores.
O juiz do Tribunal de Viseu considerou este um crime "de alguma gravidade, que vem sendo praticado com alguma frequência nos tempos correntes".
"Tinha direito a não concordar (com a actuação da professora), mas não é assim que se age", afirmou o juiz, dirigindo-se a Maria de Belém Silva.
A professora, Maria da Graça Peres, disse aos jornalistas que "em parte fez-se justiça", no entanto considera que nunca ficará complemente recomposta deste episódio.
"As minhas insónias traduzem um filme que a todo o momento decorre", contou a professora, antes de acrescentar o apoio dos pais foi fundamental para ter conseguido reagir e continuar a trabalhar.
O episódio decorreu quando Maria da Graça Peres tinha já 27 anos de serviço. No entanto, a professora admitiu que não estava preparada para enfrentar "uma situação tão imprevista como aquela".
O Sindicato dos Professores da Região Centro, que acompanhou todo o processo e deu apoio jurídico a Maria da Graça Peres, congratulou-se com a decisão do tribunal, que espera vir a servir de exemplo.
"Não esperávamos outra coisa senão a condenação de quem agrediu uma professora no seu local de trabalho", disse aos jornalistas o sindicalista Francisco Almeida, lamentando que nos últimos tempos se registem "níveis de agressão muito altos nas escolas".
Na sua opinião, a profissão docente actualmente é exercida num "contexto complexo", onde se verifica a "crescente perda de autoridade dos professores".
"Esta sentença pode ajudar a que se perceba que isto não pode ser assim. Os professores trabalham com empenho, quantas vezes em condições de falta de recursos", frisou.

3 comentários:

remiguel disse...

É óbvio que se tratará de mais uma notícia difamatória da actual presidência da república; o baptismo da idiota, digo, agressora de Maria de Belém Silva é demasiado gritante para ser considerado subliminar.

Anónimo disse...

Coitadas das mães já nem podem defender os filhos. Os professores têm que levar nas trombas. Quem pensam eles que são. Apenas são pagos para ensinar e educar os filhos dos outros. É, portanto, uma tarefa insignificante e sem qualquer imporância. Toda e qualquer progenitora que não se sinta bem com a educação dos filhos deve ir à escola e agredir o director de turma, ou qualquer outro s`tor que encontre pelo caminho, sem que por isso lhe seja exigida qualquer indeminização. Afinal somos ou não somos o país africano mais europeu? E depois o facto de um aluno bater na professora, lhe chamar todos os nomes indecentes que se conhecem, de destabilizar as aulas, em suma de ser um perfeito energúmeno, garante automaticamente aos pais o direito de fazer o mesmo aos professores. Os filhinhos queridos dos papás e das mamãs têm sempre razão. Só é pena os pais terem, ainda, menos razão do que os próprios filhos.

Anónimo disse...

De que marca era a camisola?
A mãe podia ser uma fashionista e ter achado que a professora merecia apanhar por ter vestido a filhar com aquilo!
Niguem se preocupa se a filha ficou traumatizada por ter vestido algo que não era de marca???