Secção infantil #10

Enquanto desmentia acusações de maus tratos
Director da Casa do Gaiato esbofeteia criança durante uma entrevista

08.06.2006 - 12h41 Lusa

O responsável máximo da Casa do Gaiato, o padre Acílio Fernandes, deu hoje uma bofetada a uma criança de cinco anos enquanto desmentia, em entrevista à agência Lusa, as acusações de maus tratos na instituição feitas pelo Ministério Público.

O padre Acílio Fernandes, que foi também director da Casa do Gaiato de Setúbal até Julho de 2001, ano em que foi substituído pelo actual director, Júlio Pereira, esbofeteou a criança porque esta "teimava em aproximar-se do local onde o responsável prestava declarações à agência Lusa", de acordo com o relato da agência.

Depois de mandar a criança sair do local "por duas ou três vezes", à última tentativa de aproximação da criança o padre Acílio "não hesitou e deu-lhe uma estalada", de acordo com o jornalista da agência Lusa.

"A criança estava aqui à minha volta e [eu] já a tinha mandado embora várias vezes. Ele agora foi-se embora. Não lhe dei um estalo, bati-lhe com a mão para ele se ir embora", justificou o director-geral da Casa do Gaiato, esclarecendo que o Jaime "é filho de um 'gaiato'" mas não pertence à instituição.

"Isto não foi um mau trato, foi um bom trato. Não me viu antes agarrá-lo ao colo, acariciá-lo e beijá-lo? Sabe quem faz isso? É um pai. Nós aqui não somos directores, somos pais de família", disse ainda o responsável nacional pela Casa do Gaiato.

Padre nega acusações do Ministério Público

O padre Acílio Fernandes prestava declarações à Lusa para reagir à notícia de hoje do "Diário de Notícias", segundo a qual o Ministério Público acusou o director da Casa do Gaiato de Setúbal, o padre Júlio Pereira, da prática de quatro crimes de maus tratos a crianças bem como outros três funcionários da instituição.

"É mentira. É tudo mentira. Nunca em nenhuma Casa do Gaiato eu ouvi que alguém mandasse fazer flexões aos rapazes. Isto não é nenhuma tropa", sublinhou o padre.

"O levar chapadas na cara é natural se ele disse obscenidades para a senhora, se ofendeu a senhora", sublinhou o padre numa referência à funcionária da instituição que foi acusada de maus-tratos a uma dos "gaiatos" juntamente com o responsável Júlio Pereira.

O padre Acílio Fernandes acusou ainda o Ministério Público de divulgar na comunicação social "coisas que nunca se provaram". "Aquilo de que o Ministério Público nos acusa é uma coisa inadmissível. As pessoas são acusadas, o Ministério Público não averiguou nada e põe uma coisa destas na comunicação social. Estamos num regime de ditadura do Ministério Público e da Comunicação Social", disse.

"Há dez anos que o Ministério Público de Setúbal anda a acusar e a divulgar publicamente acusações [contra a Casa do Gaiato] que nunca se provaram", concluiu.

Em conversa telefónica com a agência Lusa, o padre Acílio Fernandes tinha dito anteriormente que "nenhuma das acusações tem fundamento" e elogiou o trabalho do sacerdote responsável pela Casa do Gaiato de Setúbal.